Sífilis Análise dos casos de sífilis nos anos de 2013-2018 (julho). Introdução A OMS (organização mundial de saúde) estima a ocorrência de mais de um milhão de casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) por dia, mundialmente. Ao ano, calculam-se aproximadamente 357 milhões de novas infecções, entre clamídia, gonorreia, sífilis e tricomoniase. A sífilis afeta um milhão de gestantes por ano em todo o mundo, levando a mais de 300 mil mortes fetais e neonatais e colocando em risco de morte prematura mais de 200 mil crianças. Na América Latina e Caribe, estima-se que entre 166.000 e 344.000 crianças nasçam com sífilis congênita anualmente. No Brasil, nos últimos cinco anos foram observados um aumento constante no número de casos de sífilis em gestantes, congênita e adquirida, o que pode ser atribuído, em parte, pelo aumento da cobertura da testagem rápida, ampliação do acesso à população, redução do uso de preservativo, resistência dos profissionais de saúde a administração da penicilina na Atenção Básica, desabastecimento mundial de penicilina, entre outros. Além disso, o aprimoramento do sistema de vigilância pode se refletir no aumento de casos notificados.
Situação epidemiológica da sífilis no Brasil No ano de 2016, foram notificados 87.593 casos de sífilis adquirida; 37.436 casos de sífilis em gestantes e 20.474 casos de sífilis congênita - entre eles, 185 óbitos - no Brasil. A maior proporção dos casos foi notificada na região Sudeste. Quando observadas as taxas, individualmente para cada estado, destacam-se as elevadas taxas de sífilis em gestantes encontradas no Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Em relação à sífilis congênita, os três primeiros estados supracitados permanecem em evidencia, ao lado do estado de Pernambuco. Quando observados os óbitos por sífilis congênita em menores de 1 ano de idade, sobressai a taxa de 18,1 óbitos/ 1.000 nascidos vivos no estado do Rio de Janeiro, representando 23,2% do total observado em todo o pais. O Brasil vive um período de aumento dos casos de sífilis nos últimos anos. Descrição da infecção A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior. A sífilis pode ser transmitida por meio da relação sexual sem o uso do preservativo com uma pessoa infectada, ou para a criança durante a gestação ou parto. Prevenção De um modo geral, é importante saber que a sífilis pode ser prevenida por meio de práticas sexuais seguras, com uso de preservativos. Também que todas as pessoas com vida sexual ativa, incluindo as gestantes e as parceria(s) sexual(is), devem realizar o teste rápido, e em caso de exposição sexual, sem uso de preservativo, imediatamente deve-se procurar o serviço de saúde disponível. É preciso saber ainda, que a pessoa pode procurar atendimento para testagem rápida, orientação e retirada dos insumos de prevenção, como os preservativos e gel lubrificante, nos Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) e em todas as redes de Atenção Primária a Saúde (APS). Diagnóstico O teste rápido (TR) de sífilis está disponível nos serviços de saúde do SUS, sendo prático e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 15 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. O TR de sífilis é distribuído pelo Ministério da Saúde, por meio do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais/Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde (DIAHV/SVS/MS), como parte da estratégia para ampliar a cobertura diagnóstica. Nos casos de TR positivos (reagentes), uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização do exame laboratorial (não treponêmico), o VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) para confirmação do diagnóstico. Em caso de gestante, devido ao risco de transmissão ao feto, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste positivo (reagente), sem precisar aguardar o resultado do segundo teste. Vale ressaltar a importância de também nesses casos, a parceria sexual ser testada e se necessário, tratada concomitante, evitando assim uma nova reinfecção pela sífilis.
Tratamento, orientações e conclusão O tratamento de primeira escolha é a penicilina benzatina, que poderá ser administrada na unidade básica de saúde mais próxima de sua residência. A busca ativa pela parceria (as) sexual (is) deve ser intensificada, pois um caso nunca é isolado, sendo necessário a conscientização de ambas as partes para a prevenção, diagnóstico e tratamento da sífilis, outras IST, do HIV/ Aids e também das Hepatites Virais. Já o tratamento para o bebê com diagnóstico de sífilis, se dá também com a penicilina. A criança ficará um período internada para investigar possíveis complicações que a sífilis pode causar e deverá ser acompanhada pela equipe de saúde até os 18 meses para conclusão do caso e possíveis consequências da sífilis. O acompanhamento de todas as pessoas com diagnóstico de sífilis deve ser realizado pelos profissionais da saúde, sendo solicitado o exame de VDRL no primeiro ano, trimestralmente, e no segundo ano, semestralmente, até a alta do tratamento (BRASIL,2015). Ainda, as pessoas que tiveram contato sexual sem o uso do preservativo, caso haja a manifestação de algum sintoma característico da infecção, ou tenha dúvida, é fundamental buscar uma Unidade Básica de Saúde para diagnóstico e tratamento adequado. Para reforçar a conscientização sobre a infecção, o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita é comemorado todo terceiro sábado do mês de outubro. No Brasil, segundo dados da OMS sobre infecções de transmissão sexual na população sexualmente ativa, a cada ano, surgem 937.000 novos casos de sífilis. A prevalência na gestante é de 2,6%, o que corresponde a quase 50 mil gestantes com sífilis e 12 mil casos são de sífilis congênita por ano. A taxa de incidência de sífilis congênita é de cerca de 4 casos / 1.000 nascidos vivos. Ainda, a OMS considera que a sífilis congênita é eliminada quando a ocorrência é de 0,5 casos/1000 nascidos vivos.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, a sífilis é predominante no sexo masculino, apresentando 60,1% e o sexo Feminino 39,9%, no período de 2010 a 2016. Já a sífilis adquirida em Minas Gerais é predominante no sexo masculino com 69,4% casos notificados e 30,5% casos do sexo feminino, no período de 2010 a 2016. A razão entre os sexos é para cada dois homens uma mulher é infectada. O aumento no número de casos de Sífilis se deve principalmente a: Não utilização dos preservativos em todas as relações sexuais como formas de prevenção; A infecção pode ficar sem apresentar sintomas durante muitos anos, permanecendo as pessoas infectadas e transmitindo; Diagnóstico tardio se deve à falta de sintomas e o desconhecimento da população quanto à disponibilidade dos exames na rede; Tratamento inadequado dos casos ou não tratamento de parceiros parceria (as) sexual (is) proporcionando a reinfecção; Falta nacional no mercado da Penicilina Benzatina por um período; Não realização dos exames de pré-natal conforme preconizado pelo Ministério da Saúde (1º e 3º Trimestre da gestação), no momento do parto ou abortamento. Se não tratada a tempo, a sífilis pode comprometer o sistema nervoso central, o sistema cardiovascular, além de órgãos como olhos, pele e ossos. Para ter acesso ao diagnóstico, o usuário do SUS poderá ser encaminhado para a realização de exames de sangue (VDRL) e também do Teste Rápido; exame baseado na presença de lesões.