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O desenvolvimento deste projeto somente foi possível porque a FESP optou pela sua agregação à UEMG, possibilitando-nos acesso aos recursos da FAPEMIG, indispensável para que pudéssemos levá-lo adiante, através da bolsa de estudos de iniciação científica obtida pelo estudante de graduação em engenharia civil Douglas Oliveira Santos, parceiro nesta empreitada.
 
Um projeto de pesquisa sobre a Arquitetura Modernista de Passos tem sentido quando, ao percorrer a zona central e alguns dos principais bairros da cidade, ao lado de arquiteturas que normalmente se assumem como históricas numa cidade tão rica em tradição podemos observar edificações que demonstram ordem e sobriedade formal, apesar de sua discrição, mostrando a evolução no modo de morar e viver de uma comunidade do interior mineiro.
 
Esta arquitetura moderna, concebida e realizada em sua maioria nas décadas de 1950 e 1960, que em seu conjunto fazem uso do mecanismo da repetição com variações, da ausência de ornamentos e das linhas retas e sóbrias, recordam o valor da cidade tradicional, com seus jardins, suas casas vistas da rua, dando unidade urbana a uma cidade que vai se transformando rapidamente, com uma segregação espacial cada vez maior, seus condomínios e guetos fechados à cidade.
 
O que propomos ao leitor é uma aproximação panorâmica ao tema do patrimônio moderno passense através de uma obrigatória seleção de obras, decisão que implica necessariamente a inclusão de umas e a conseqüente exclusão de outras. Por este motivo, o que se apresenta é uma seleção de projetos que se podem considerar representativos de um modo peculiar de projetar e viver em Passos, que se vincula ao caráter geográfico e territorial com o espaço urbano e arquitetônico de um determinado período histórico do Brasil. São obras que compreendem um conjunto de idéias que configuraram aspectos da identidade urbana local a partir dos modos de morar de sua elite econômica, expressa nas residências das camadas mais ricas da sociedade local.
 
Assim, esta seleção tem o propósito de apresentar um aspecto da realidade passense, sempre pouco reconhecido e valorizado, mediante a apresentação de textos, fotos, desenhos, projetos e datas, seleção que por razões temporais é inevitavelmente sintética e limitada. O trabalho, realizado ao longo de 2007 e 2008, se estrutura da seguinte maneira:
- Um texto sobre o surgimento da arquitetura modernista em Passos e o pioneirismo do arquiteto Dáude Jabur;
- Seleção e visualização de um conjunto de projetos, sobre as quais se realiza uma breve descrição que ressalta as particularidades do projeto e seu contexto urbanístico, operando uma gama de obras destacadas e consideradas representativas do ofício arquitetônico materializado, apresentando desenhos e imagens de residências unifamiliares e prédios públicos e privados que demonstram as diversas possibilidades de atuação da modernidade arquitetônica no território central da cidade de Passos;
- Um conjunto de informações e dados biográficos sobre alguns arquitetos importantes naquele período histórico, obtidos a partir de entrevistas.
 
Queremos com isso fazer uma aproximação da atualidade e da importância da salvaguarda do patrimônio moderno local, com um olhar específico: o das obras dos arquitetos Dáude Jabbur,  Paulo Esper Pimenta e Maristela Scotfield Pimenta. Conheci o arquiteto Paulinho, como era conhecido, no início dos anos 1980, quando o convidei para falar a meus alunos de engenharia sobre a importância do desenho na construção. Ele produziu um vídeo (que está na biblioteca da FESP) mostrando alguns de seus projetos, que me chamou a atenção pela qualidade arquitetônica e pela quantidade de obras realizadas. Sua morte precoce e trágica, de certa forma, bloqueou a imaginação da cidade sobre a real importância de sua obra. Mas parte significativa deste acervo ainda existe, sob a guarda de Maristela. É preciso salvar, além das obras, também os desenhos. É nossa modesta contribuição para um debate sobre esta questão tão importante, o da preservação do patrimônio da arquitetura da cidade de Passos. O que foi moderno, em breve será antigo. E deve merecer o status da preservação, para mostrar como viviam os cidadãos da elite econômica desta cidade na segunda metade do século XX.

Mauro Ferreira é doutor em Arquitetura e Urbanismo pela EESC-USP e professor do curso de Engenharia Civil da FESP-UEMG.
  

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Ferreira, Mauro
F383i   Inventário da arquitetura modernista de Passos [recurso eletrônico] / Mauro Ferreira, Marcelo Santos, Douglas Oliveira Santos – Passos, MG:Fesp, 2010.
1 CD-ROM; il.
            ISBN: 978-85-89286-28-2

 CDU – 72(815.1)
CDD - 720
 

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